“O sistema político em Cuba: uma democracia autêntica” (Anita Prestes)

O governo do povo, pelo povo e para o povo”

(Abraham Lincoln)

Ao estudar o sistema político vigente em Cuba, é necessário lembrar que seus antecedentes remontam ao ano de 1869, quando o povo da pequena ilha caribenha lutava de armas na mão pela independência do jugo colonial espanhol.

Seus representantes se reuniram na parte do território já liberado e constituíram a Assembléia Legislativa, que aprovou a primeira Constituição da República de Cuba em armas. Era assim estabelecida a igualdade de todos os cidadãos perante a lei e abolida a escravidão até então existente.

Essa primeira Assembléia Constituinte elegeu o Parlamento cubano daquela época e também, de forma democrática, seu Presidente, assim como o Presidente da República de Cuba em armas, designando ainda o Chefe do Exército que levaria adiante a luta pela independência.

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“Lenin, o orador”

Quando Lenin subiu à tribuna e pronunciou a palavra “camaradas” com o “r” muito suave, acreditei que não era um grande orador. Mas passara apenas um minuto e eu, como todos os demais, fomos “absorvidos” pelo seu discurso. Pela primeira vez escutei que se podia falar sobre complicadíssimos problemas políticos com tanta simplicidade. Este orador não se esforçava em fazer frases pomposas. Pelo contrário, parecia oferecer cada palavra sobre a palma de sua mão, empregando-a com assombrosa facilidade em seu sentido exato.

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Fidel Castro: “Não há nada pior do que dar as costas ao inimigo”

Em 2003 o governo Bush havia incrementado as tradicionais ações anti-castristas, ampliando o número de transmissões de rádio contra o regime para a ilha e os estímulos para a imigração ilegal. Num período de sete meses até abril de 2003 ocorreram sete sequestros de aeronaves e barcos com o objetivo de tomar rumo a Flórida, onde os sequestradores armados e violentos às vezes eram presos mas sempre acabavam liberados e com uma permissão de residência.

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Por que os cubanos “fogem” para a Flórida?

Todo mundo submetido à propaganda ideológica dominante já deve ter se deparado com fotos antigas dos “balseros” – cubanos que se aventuram em balsas no mar do Caribe para chegar à costa norte-americana. A resposta hegemônica a esse problema real é convicta na difamação e na desinformação: os cubanos estão “fugindo para a liberdade”.

Como o objetivo aqui é desprezar as simplificações, afirmo que são múltiplas as razões que levaram os cubanos a emigrarem. A mais significativa delas, sem dúvida, é a financeira: Cuba, a despeito de todos os seus logros na área social, é um país com uma economia debilitada.

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“Não se envergonhem… pois vocês compartilham dessa superioridade moral” (André Ortega)

Não se intimidem com acusações idiotas e falsas simetrias quando reivindicarem a memória de Fidel Castro.

Já tive o dessabor de ver um sujeito de “esquerda” que passou os últimos meses fazendo campanha para a genocida imperialista Hillary Clinton dizendo que “não relativiza ditadura”, que “tudo que a ditadura fez aqui, Fidel fez em Cuba”. É um mentiroso que cospe na memória dos torturados e que não sabe que os militares massacram indigenas e camponeses. O avanço da independência e do povo se concretizou na Revolução Cubana e foi detido pelo golpe militar em 64, mais uma das milhares de respostas do polvo imperialista ao triunfo de Fidel Castro – com o acréscimo de que, como disse Kissinger, aqui não seria uma nova Cuba, mas uma nova China.

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Degeneração e “Geração Eu”: A Decadência da Juventude Revolucionária

Revolução, violência política, de fato toda violência é um jogo para o ser humano jovem. Jovens rebeldes determinados forjaram nações, como vimos ao longo da história. Mas esses homens foram verdadeiros revolucionários, fanáticos dispostos a sacrificar tudo, eles incorporavam a descrição de Nechaev, “O revolucionário é um homem condenado. Ele não tem interesses pessoais, negócios, emoções, ligações, propriedade ou nome. Tudo nele é completamente absorvido no único pensamento e na única paixão pela revolução“.

Tal devoção é rara no Ocidente moderno. Ademais, quando ela vem em formas estrangeiras, tal como o militante islâmico ou o guerrilheiro latino-americano ela se torna o grosseiro “radical chic” de rebeldes universitários que vestem camisetas de Che Guevara ou keffiyehs manufaturados em fábricas capitalistas escravagistas. Todo espírito pseudo-revolucionário juvenil existe hoje inteiramente dentro dos parâmetros do capitalismo, desenraizado, commodificado, certamente não-ameaçador à ordem estabelecida. A parafernália da revolução é apenas um instrumento de marketing por valor de choque. Isso aponta para uma questão maior, que a pose de resistência ao sistema foi já totalmente integrada ao sistema.

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