“Não se envergonhem… pois vocês compartilham dessa superioridade moral” (André Ortega)

Não se intimidem com acusações idiotas e falsas simetrias quando reivindicarem a memória de Fidel Castro.

Já tive o dessabor de ver um sujeito de “esquerda” que passou os últimos meses fazendo campanha para a genocida imperialista Hillary Clinton dizendo que “não relativiza ditadura”, que “tudo que a ditadura fez aqui, Fidel fez em Cuba”. É um mentiroso que cospe na memória dos torturados e que não sabe que os militares massacram indigenas e camponeses. O avanço da independência e do povo se concretizou na Revolução Cubana e foi detido pelo golpe militar em 64, mais uma das milhares de respostas do polvo imperialista ao triunfo de Fidel Castro – com o acréscimo de que, como disse Kissinger, aqui não seria uma nova Cuba, mas uma nova China.

Não aceitem, jamais, comparações com Chile e com Pinochet, “um de direita, outro de esquerda”. É mentira! No Chile foram 30 mil DESAPARECIDOS! 30 mil pessoas desaparecidas na surdina porque o regime dos porcos golpistas não tinha estatura moral para assumir suas posições vis e ignóbeis, eram assassinos mercenários sem valor que sequestravam suas vítimas, jovens, mulheres e idosos, na calada da noite para se livrar de seus corpos de forma vergonhosa.

Agiam como bandidos imorais porque não eram mais do que isso: bandidos imorais, mergulhados na vergonha do serviço sujo, sicários que não servem a nenhum princípio ou valor superior.

Os revolucionários nunca dissimularam suas posições: em Cuba os julgamentos eram públicos e as condenações eram públicas. Os julgados eram justamente assassinos e abusadores como esses que matavam ocultos e mascarados no Chile. Nem todos os julgados foram fuzilados, mesmo Cuba estando sob o ataque e não a proteção da potência imperialista. Ninguém nunca escondeu os fuzilamentos – as causas foram dadas e as responsabilidades assumidas, porque a Revolução possui um terreno moral que nunca será compartilhado por golpistas mercenários e gorilas da América Latina.

Ah! Ainda me lembro como os generais golpistas chilenos meses antes visitavam Cuba e faziam seu jogo duplo, como cobras que são.. cobras como os nossos golpistas de 1964, cobras como Amaury Kruel que já era muito rico e desfrutava da amizade e dos favores do presidente, mesmo assim traindo Goulart em troca de maletas de dólares. Traidores e mentirosos, mercenários que não têm o mínimo valor de lealdade ou integridade, movidos somente por sua animalidade mais condenável e a pura infâmia a serviço dos grandes ladrões endinheirados. Quem são esses militares que deram facadas nas costas de suas pátrias, senão a vergonha e a desgraça da América Latina? Que honra eles têm?

Isso acontece porque a Revolução foi cimentada em princípios de moral, virtude e justiça. Esses princípios eram norteadores e moderavam os limites da violência, muito diferente da violência abusiva, embriagada, sádica e brutal dos reacionários, que é como aquela do criminoso sem escrúpulos, que coloca todo o poder nos perpetradores contra vítimas desumanizadas, que não só se diverte mas se alimenta do sofrimento, é decadente, viciosa. A Revolução Cubana, em específico, foi uma das revoluções mais moralistas. Se você vê minhas palavras com um sentimento de cinismo (coitado, você tem uma doença no espírito), olhe para a história e veja a diferença do revolucionário, do moralista, do combatente da justiça e até do caso extrema do zelota, para com o criminoso sem escrúpulos, aquele que vive pela violência, voraz por ganhos materiais e prazeres sensoriais, ou aqueles que defendem ordens pútridas, veja como a lógica reacionária de defender o status quo e a segurança da autoridade “do que está aí” influencia na brutalidade. É uma diferença de princípio, de formação, de motivação – a reação tem uma fileira de brutamontes punitivistas, torturadores loucos para exercer fantasias de poder em corpos vitimados, “então você é comunista!”, querendo quebrar e humilhar . Isso também acontece por causa das próprias causas históricas completamente antagônicas de um golpe reacionário e de uma revolução (vide: http://realismopolitico.com/…/como-usar-hegel-o-golpe-de-6…/). Não importa se o socialismo fosse uma ilusão, o fato é que ele dava um padrão moral superior, uma consciência superior àquela dos mercenários sem causas substanciais, sem grandes valores, “fazendo seu trabalho” afundados na vergonha, no abuso e no crime – lembremos não de Marx o materialista, mas do idealista milenar Platão que já nos dizia que o Espírito das Leis infunde seu ETHOS, sua essência, nos ínfimos pormenores. A Revolução criou um Estado autêntico, os golpistas representam o caos e a imoralidade, o roubo e a traição, e não é de se impressionar que o roubo, a traição e infâmia crie agentes ladrões, traidores e infames – a baixeza do golpismo se espalha por todos os seus braços, nos mergulhando numa noite profunda e tenebrosa.

Não se envergonhem, não há porque se render jamais, não concedam ao cínicos, pois vocês compartilham dessa superioridade moral: lembrem-se que Che foi orgulhoso frente a Assembleia Geral da ONU dizer que “sim, fuzilamos e seguiremos fuzilando enquanto for necessário”, frente aos olhos dos hipócritas vendidos que jogavam seus crimes para debaixo do tapete.

Hasta siempre,

Venceremos.

André Drumond Orega (da Revista Opera e Realismo Político)

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